A Gestão de Resíduos na Bienal do Livro Rio 2023
A Bienal do Livro Rio 2023, que ocorreu entre os dias 1º e 10 de setembro no Riocentro, Barra da Tijuca – RJ, marcou a edição de 40 anos do maior evento literário do país. Distribuídos em uma área com 90 mil metros quadrados, sendo três pavilhões repletos de expositores com áreas comuns para circulação e alimentação, e com números recordes durante o evento, destaque para os 5,5 milhões de livros vendidos e os mais de 600 mil visitantes, a geração de resíduos e a gestão destes materiais torna-se um procedimento complexo que envolve muita engenharia, administração e atitude.
Os desafios ambientais são enormes para todos os envolvidos, onde a responsabilidade ambiental em eventos como este é circular, tendo os visitantes, fornecedores, prestadores de serviços, expositores e organizadores como integrantes deste ciclo, evidenciando os direitos e deveres de maneira escalonada para cada um.
Com base no conceito “Lixo Zero” que visa desviar dos aterros sanitários 90% dos resíduos gerados e recolocá-los na cadeia produtiva, seja como novo insumo ou ressignificando o material, temos um trabalho de gestão que deverá ser previamente planejado e definido.
Segundo os organizadores uma empresa foi contratada para que fosse feita a separação de todo material passível de reciclagem. Já a COMLURB (responsável pela limpeza urbana do município do Rio de Janeiro) anunciou um esquema especial para o entorno do evento que contou com oito garis atuando nos serviços de varrição e coleta de resíduos, sendo quatro das 07h às 15h e outros quatro, das 15h às 22 horas, além de um caminhão compactador para o transporte dos resíduos gerados.
Durante os dez dias de evento e com a grande demanda de público o que pôde ser observado foram as lixeiras transbordando e visitantes sem uma orientação de como destinar os resíduos gerados. Apesar de haver um grande número de colaboradores na área de limpeza do evento, a vazão do que foi gerado superou em diversos momentos a capacidade de armazenamento, ocasionando em falha logística nos horários de maior movimento do evento.
O Instituto Lixo Zero Brasil possui um projeto nomeado como “Mínimo Três”, que consiste em dividir as frações dos resíduos gerados em, no mínimo, três partes, sendo uma para os rejeitos (todo aquele material que não poderá ser reciclado e, consequentemente, enviado para o aterro sanitário), uma outra parte para os resíduos orgânicos (os restos de comida e similares que poderão ser encaminhados para composteiras) e uma terceira parte para os materiais recicláveis (todos os materiais que podem ser reciclados ou passíveis de logística reversa pelos fabricantes), porém, esta terça parte poderá ser mais segregada de acordo com a política adotada na região em que se faça a separação dos materiais recicláveis. Considerando que os resíduos gerados em eventos literários são compostos, em sua maioria, por resíduos orgânicos, originários das áreas de alimentação, e por resíduos recicláveis, originários das embalagens dos livros e seu transporte, como caixas de papelão por exemplo, podemos crer que uma campanha de Educação Ambiental bem aplicada, com identificação das lixeiras dispostas, segregação dos resíduos gerados na origem e abordagem na destinação para que não houvesse mistura dos resíduos, resultaria em números expressivos nas esferas econômicas, sociais e ambientais.
Com isso, podemos concluir que a gestão de resíduos é um serviço que deverá ser levado para além dos relatórios de compensação ambiental e haver efetividade nos atos, pois existem famílias que vivem da receita gerada pelos resíduos e se faz necessário a efetividade da preservação dos recursos naturais, ou seja, a reciclagem em índices reais de aproveitamento dos materiais e não somente um número do que é enviado para as cooperativas de catadores ou agências de reciclagem.
Por Bruno Rodrigues
Membro da Comissão Especial de Sustentabilidade do CRA-RJ
Embaixador Lixo Zero Brasil









